Das pessoas às máquinas: de psicólogo a programador em três meses.
Há quatro anos e meio, a minha vida estava numa encruzilhada. Depois de quase 10 anos a investir numa carreira que teimava em dar frutos duradouros, a vida confrontava-me com a inevitabilidade da mudança. Ou adaptar-me e talvez prosperar, ou persistir num caminho que me condenava ao marasmo de um futuro adiado.
Encontrei o anúncio numa rede social e ao aceder ao site do bootcamp que prometia acesso a uma carreira promissora, apressei-me a preencher o formulário de candidatura. A matemática era demasiado simples para pensar duas vezes: três meses de suor e lágrimas para 96% de garantia de emprego numa área de futuro. Ao fim de anos a analisar oportunidades de emprego, nunca tinha encontrado outra assim, pelo menos que fosse séria.
Hoje o resultado é notório, quatro anos como software developer, vários projetos em clientes e áreas distintas, várias tecnologias diferentes (desde C e C++ a OutSystems) e uma satisfação profissional que jamais imaginava alcançar no dia em que fiz a candidatura ao bootcamp da <Academia de Código_>. E claro, fazer parte deste projeto incrível que é a team.it é até agora o ponto mais alto desde ainda curto percurso.
Não é que houvesse algo de intrinsecamente errado comigo ou com a Psicologia. Sempre foi uma área muito estimulante para mim e ainda hoje, considero de um valor incalculável muito do que aprendi quer académica quer profissionalmente. Acredito mesmo que trabalho melhor em equipa e que sou melhor programador fruto do que aprendi nos meus idos anos da psicologia.
Lembro-me do espanto dos meus colegas de bootcamp perante a rapidez com que eu apreendia conceitos complexos da POO (Programação Orientada a Objetos). A minha resposta normalmente era algo do género: “Difícil é compreender um ser humano, as máquinas são simples”. Talvez o fizesse apenas para os provocar, mas a verdade é que estudar Psicologia fez de mim um melhor estudante no sentido em que hoje compreendo melhor como o meu cérebro aprende. Mas há ainda um aspeto mais profundo, pois tenho a forte convicção de que a qualidade do código/software que um programador faz, está intimamente ligada à qualidade do seu processo de pensamento (análise, organização e sistematização de ideias). Mas não tenho dados estatísticos para o provar, é apenas uma perceção.
No fim, em todo este processo, a minha maior realização foi mesmo que quanto mais flexível se é no modo de perseguir a satisfação pessoal e profissional, maior será a probabilidade de sucesso. Porque nós somos extremamente adaptáveis, porque nem tudo funciona para todos e porque a força das circunstâncias é capaz de render até o mais orgulhoso dos empreendedores, ser humilde e reconhecer quando chega o tempo da mudança, pode ser uma arma poderosa para prosperar neste mundo que muda a uma velocidade vertiginosa. É verdade, também descobri que os bugs de software são infinitamente mais simples de resolver que os bugs das pessoas.
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